Do estigma à aceitação

Com mais de uma década de experiência, o ortopedista com amplo conhecimento em cannabis, Dr. Ricardo Ferreira, reflete sobre a evolução do uso terapêutico dos canabinoides e sua crescente aceitação no meio médico

Publicada em 19/08/2024

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Por João Negromonte

Ao longo de mais de dez anos de atuação com o uso medicinal da cannabis, o Dr. Ricardo Ferreira, ortopedista especializado em cirurgia de coluna e manejo da dor, testemunhou uma transformação significativa na percepção dos médicos e das entidades de classe em relação ao tema. Inicialmente marcado por um forte estigma e resistência, o uso de canabinoides na medicina começou a ganhar aceitação, impulsionado pela demanda dos pacientes e pelo crescente volume de pesquisas científicas que confirmam sua eficácia em condições como dor crônica e epilepsias refratárias.

De acordo com o médico, a postura das entidades como o Conselho Federal de Medicina (CFM) e os conselhos regionais tem evoluído de forma notável. Embora ainda existam restrições formais, especialmente em relação às indicações específicas para o uso de cannabis, não há mais uma perseguição sistemática contra os médicos prescritores.

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Ricardo Ferreira | Imagem: arquivo

"Essas entidades já perceberam que é contraproducente ir contra uma prática que vem sendo implementada com sucesso em várias partes do mundo onde se exerce uma medicina de ponta", afirma Ferreira.

Em sua experiência clínica, o ortopedista observa que os efeitos colaterais graves associados à cannabis e seus derivados são raros, especialmente com o uso de produtos de alta qualidade à base de CBD isolado ou predominante. "Os efeitos adversos mais comuns são leves e manejáveis, como sonolência comparável à de um relaxante muscular", explica. No entanto, ele destaca que produtos com concentrações mais elevadas de canabinoides psicoativos, como THC e CBN, podem ocasionar efeitos colaterais mais intensos, exigindo uma titulação cuidadosa das doses.

"É igualmente importante destacar que a resposta ao tratamento com canabinoides pode variar significativamente de pessoa para pessoa, o que exige uma abordagem individualizada e um monitoramento cuidadoso", lembra o especialista.

 


Além da prática clínica, o Dr. Ricardo Ferreira enxerga a educação contínua como um pilar essencial para evolução do uso medicinal da cannabis. Ele ressalta a importância de eventos como o CBCann, que reúne médicos, pesquisadores e profissionais de saúde para discutir os avanços científicos e compartilhar experiências. 

"Esses encontros são cruciais para desmistificar o uso terapêutico da cannabis e promover uma prática clínica responsável, sempre com o objetivo de melhorar a qualidade de vida dos pacientes", conclui o especialista.

Saiba mais sobre o CBCann

 

O CBCann, ao lado de outros eventos e cursos, se tornou uma plataforma indispensável para o desenvolvimento do ecossistema da cannabis medicinal no Brasil, proporcionando um ambiente de aprendizado e troca de conhecimentos que continua a transformar o cenário da saúde no país.

 

 

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