De paciente a médica prescritora de cannabis: A planta como aliada para qualidade de vida e diminuição das crises de dor crônica

"A dor era tão presente na minha vida que, mesmo sendo anestesista de formação, decidi estudar e me especializar em dor crônica", diz a médica Beatriz Milani

Publicada em 29/08/2024

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Por Thaís Castilho

Após esgotar todos os recursos convencionais para tratar as crises de dores crônicas decorrentes tanto da endometriose quanto da fibromialgia, a Dra. Beatriz Milani encontrou na cannabis a qualidade de vida que há anos buscava.

Sentir dor já era parte do dia a dia de Beatriz, que chegou a fazer uma cirurgia para aliviar as crises decorrentes da endometriose, mas, sem sucesso, acabou optando pelo uso medicinal da cannabis, uma vertente terapêutica que vem conquistando médicos que testemunham em seus pacientes os benefícios de um tratamento natural e seguro, com baixo efeito colateral.

“A dor era tão presente na minha vida que, mesmo sendo anestesista de formação, decidi estudar e me especializar em dor crônica. Em geral, a queixa dos pacientes em relação à dor não é valorizada, e isso me incomodava. Em 2017, tanto eu como minha mãe, médicas dedicadas a tratar dor crônica, começamos a estudar mais a fundo a cannabis. Comecei a testar em mim o tratamento e melhorei absurdamente em dois meses. Depois, passei a prescrever no consultório para meus pacientes”, recorda Dra. Milani.

Apesar de ser uma via terapêutica que carrega uma série de estigmas, Dra. Beatriz sempre encarou a cannabis como uma opção importante e recomenda o uso dos produtos à base de cannabis para diversas patologias.

“A maioria dos pacientes que chegam ao consultório já me procura com o objetivo de usar produtos à base de cannabis. Eu sugiro como opção coadjuvante ao tratamento em muitos casos, como ansiedade, depressão, Alzheimer. Eu sempre lido com muita seriedade e tento trazer o uso de maneira responsável. Explico sobre o sistema endocanabinoide e o porquê o uso da cannabis seria vantajoso em casos que não respondem às terapias convencionais. Alinho as possibilidades e também as expectativas do paciente. Decidimos juntos”, reforça a médica.

A importância da cannabis na medicina

Apesar dos grandes avanços frente à medicina canábica, com pesquisas que traduzem os efeitos positivos dos canabinoides para as mais diferentes patologias, ainda há muito o que descobrir nesse universo, incluindo efeitos adversos e interações medicamentosas potenciais.

“Vejo um futuro promissor para a cannabis medicinal, desde que sigamos um caminho ético e responsável. Mas é uma planta com alto valor terapêutico. Acredito que temos uma falha no ensino dos profissionais da saúde. Não é um assunto difundido nas faculdades, porém é inevitável e necessário para avançar nas pesquisas. Como me baseio em pesquisas e estudos mais robustos para prescrever cannabis, acabo focando nos produtos à base de CBD, THC e CBG. Por isso, precisamos de cada vez mais incentivo em pesquisas e formação de profissionais com essa especialidade. Há muito o que se descobrir sobre a planta e o sistema endocanabinoide”, pontua Dra. Beatriz.