Clima frio e baixa umidade: como a cannabis pode auxiliar nos cuidados com a pele durante o inverno

Pomadas, sabonetes, óleos corporais, body splashes e diversos produtos à base de cannabis que podem ser usados diariamente para cuidar da pele

Publicada em 19/08/2024

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Por Bruno Vargas

Da metade de junho até o fim de setembro, o clima no Brasil costuma ser frio e com baixa umidade no ar. Esses são alguns dos efeitos do inverno, uma das quatro estações do ano. Durante essa época, a pele humana tende a ficar ressecada, esbranquiçada e exposta a rachaduras e descamações.

Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), banhos muito quentes e o uso de aquecedores podem remover a oleosidade natural da pele, o que reduz o manto lipídico responsável por reter a umidade. Além disso, a exposição a ventos muito gelados também pode ser prejudicial à saúde do maior órgão do corpo humano.

Vale lembrar que tanto a pele do corpo quanto a do rosto e até os lábios estão sujeitos ao ressecamento no inverno. Para evitar esses sintomas, é importante fazer hidratações corporais mais profundas e, além disso, investir em uma alimentação saudável, rica em vitaminas e antioxidantes, o que pode trazer benefícios a longo prazo, conforme a SBD.

Segundo o dermatologista Guilherme Marques, a cannabis pode ser uma aliada no tratamento da pele. “Hoje, já existem pomadas, sabonetes, óleos corporais, body splashes e diversos produtos à base de cannabis que podem ser usados diariamente. Sempre digo, o melhor skincare (cuidado com a pele) é a constância”, comenta o diretor administrativo da Associação Pan-Americana de Medicina Canabinoide (APMC).

 

Doenças de inverno

 

Durante essa estação do ano, algumas doenças de pele podem surgir. São comuns a dermatite seborreica, que causa descamação da pele, caspa e coceira, e a dermatite atópica, cujo principal sintoma é a coceira e lesões cutâneas. Na infância, esse tipo de dermatite caracteriza-se por lesões avermelhadas, enquanto em adolescentes e adultos, as lesões se localizam nas áreas de dobras da pele, como a parte posterior dos joelhos, pescoço e dobras dos braços.

Além disso, a psoríase, uma doença crônica, não contagiosa e também relacionada a fenômenos emocionais, pode se manifestar com mais intensidade no inverno. No contexto do uso medicinal da cannabis, produtos dermatológicos à base dessa planta podem auxiliar no tratamento dessas patologias.

“A cannabis tem características comparáveis às de corticoides de baixa potência”, comenta Marques, que também ressalta os poucos efeitos colaterais dos canabinoides. Segundo ele, o CBD, quando ingerido na forma de óleo sublingual, traz grandes benefícios para as dermatites. Os cremes com propriedades anti-inflamatórias e calmantes também auxiliam no combate a dermatites, rosáceas, ressecamento e rachaduras.

Como diretor médico da Terps Brasil, Marques aposta nos produtos feitos à base de terpenos da cannabis para proporcionar soluções terapêuticas com menores custos aos pacientes diagnosticados com doenças de pele.

 

Resultados promissores

 

O levantamento bibliográfico sobre o uso de canabinoides CBD e THC em aplicações tópicas e transdérmicas revelou seu potencial terapêutico em diversas condições de pele e na cicatrização de feridas. Produtos tópicos atuam localmente, enquanto os transdérmicos atravessam a barreira cutânea para efeitos sistêmicos, oferecendo vantagens como maior aceitação e biodisponibilidade.

O CBD mostrou eficácia no tratamento de dermatite atópica, colite, dores inflamatórias e na cicatrização, estimulando a proliferação de fibroblastos. A combinação de CBD com THC pode melhorar os efeitos farmacológicos e minimizar eventos adversos, sugerindo uma sinergia benéfica para tratamentos clínicos.

Apesar dos resultados promissores, especialmente em modelos animais, a revisão destacou a necessidade de mais estudos clínicos para confirmar a eficácia e segurança dos canabinoides na cicatrização de feridas em humanos. Além disso, o número limitado de pesquisas sobre a administração tópica de CBD ressalta a importância de investigações futuras e do desenvolvimento de formulações mais eficazes, utilizando tecnologias farmacológicas para otimizar o uso desses compostos na prática clínica.