50+ aderem a cannabis; uso de medicamentos pode ser um aliado. Entenda

Relaxar (81%), ajudar no sono (68%), melhorar o bem-estar (64%), aliviar dores (63%) e auxiliar na saúde mental ou no humor (53%) são os principais motivos para se utilizar cannabis entre os idosos, segundo pesquisa

Publicada em 17/09/2024

background
Compartilhe:

Por Bruno Vargas

Buscando entender as perspectivas e experiências dos idosos sobre o uso adulto da cannabis, a Pesquisa Nacional sobre Envelhecimento Saudável da Universidade de Michigan, nos Estados Unidos, entrevistou pessoas com 50 anos ou mais sobre como e por que utilizam a planta.

Em 2023, 21% dos adultos afirmaram usar derivados da maconha ao menos uma vez, e 12% relataram uso mensal. Entre os principais motivos apontados pelos entrevistados estão: relaxar (81%), ajudar no sono (68%), melhorar o bem-estar (64%), aliviar dores (63%) e auxiliar na saúde mental ou no humor (53%).

Segundo a médica Letícia Mayer (CRM/RS 33018), o canabidiol (CBD) pode ser um grande aliado dos idosos no tratamento de alguns desses sintomas. Seu efeito ansiolítico e antidepressivo ajuda no tratamento da saúde mental, promovendo melhora no humor e no bem-estar.

As propriedades analgésicas do CBD também contribuem para o relaxamento muscular, trazendo alívio nas dores corporais e melhora da insônia. “O CBD é capaz de aumentar o tempo e a profundidade do sono”, comenta Mayer, fundadora do Centro de Endocanabinologia.

A médica ressalta que o uso "livre" da planta não é permitido no Brasil, sendo sua utilização restrita ao uso medicinal. A automedicação com produtos à base de cannabis pode gerar riscos ao usuário, por isso é sempre recomendado o acompanhamento de um médico.

 

Usos da planta

 

Conforme a pesquisa, os produtos mais comumente utilizados pelos idosos foram comestíveis/bebidas (74%), flores (58%), loções/produtos para a pele (34%) e vaporizadores (26%). No Brasil, os óleos à base de cannabis são a via de acesso medicinal mais comum, embora tenham ocupado a quinta posição nos Estados Unidos (19%).

“Ainda não temos pesquisas científicas suficientes que justifiquem o uso de derivados da planta como suplemento para pessoas sem uma patologia específica. Atualmente, não podemos receitar cannabis para idosos por motivos relacionados ao envelhecimento, bem-estar ou prevenção, sendo indicado apenas quando há doenças ou sintomas que possam ser tratados com seus derivados”, explica a médica.

Mayer também destaca que, assim como os idosos, pessoas de qualquer idade suscetíveis aos efeitos dos fármacos podem apresentar contraindicações e efeitos adversos ao usar substâncias como a cannabis. “Quando mal utilizados, alguns canabinoides, como o tetrahidrocanabinol (THC), podem causar alterações na pressão arterial, risco de queda e outros efeitos adversos”, afirma. Quanto ao CBD, embora seja um canabinoide com maior segurança, suas interações com outros medicamentos podem gerar riscos à saúde.

 

Crescimento dos pacientes 

 

Para a médica, os pacientes com 50 ou mais estão cada vez mais informados sobre a eficácia da terapia canabinoide. Nos Estados Unidos, 42% dos usuários discutem o uso de cannabis com seus médicos, número que sobe para 56% em Michigan, onde o uso adulto da planta é legalizado.

“Idosos frequentemente enfrentam problemas como dor crônica, transtornos do sono, alterações de apetite, ansiedade, depressão, doenças reumatológicas, Alzheimer e Parkinson, condições que podem ser tratadas com canabinoides. No Brasil, há um aumento exponencial no uso de cannabis medicinal, com a maior concentração de pacientes nessa faixa etária”, conclui Mayer.