36% dos pacientes com Parkinson utilizam produtos naturais para aliviar sintomas, cannabis está entre os mais usados

Estudo conduzido na Holanda entrevistou 367 pessoas; maior parte delas não conversa com seus médicos sobre uso de produtos naturais no tratamento do Parkinson

Publicada em 02/09/2024

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Por Bruno Vargas

Um estudo publicado recentemente no Journal of Parkinson’s revelou que 36% dos pacientes com Parkinson que moram na Holanda utilizam produtos naturais para aliviar os sintomas da doença. Entre os mais usados estão café (16%), cannabis (13%) e cúrcuma (10%).

O estudo, desenvolvido por pesquisadores da Université Laval, no Canadá, e do Radboud University Medical Center, na Holanda, entrevistou 367 pessoas com a doença. Dos entrevistados, apenas 39% estavam cientes de que produtos naturais podem interagir com outros medicamentos para Parkinson.

Outra descoberta relevante da pesquisa foi que apenas 39% dos usuários discutem o uso desses suplementos com seus médicos. “Para otimizar tanto a eficácia quanto a segurança da abordagem geral de gestão, os pacientes devem ser encorajados a discutir abertamente o uso de produtos fitoterápicos ou quaisquer outros suplementos com seu médico ou farmacêutico”, comentam os autores do estudo.

 

O que é Parkinson

 

O Mal de Parkinson, como é popularmente conhecido, é uma doença degenerativa crônica e progressiva do sistema nervoso central, causada por uma diminuição significativa da produção de dopamina, um neurotransmissor essencial para a comunicação entre as células nervosas.

Os principais sintomas incluem lentidão motora, rigidez nas articulações do punho, cotovelo, ombro, coxa e tornozelo, além de tremores em repouso, geralmente predominantes em um lado do corpo. Outros sintomas incluem desequilíbrio, perda do olfato, alterações intestinais e distúrbios do sono.

Em 2014, um estudo com canabidiol (CBD) foi realizado pela primeira vez em humanos, mostrando eficácia na melhoria da qualidade de vida e bem-estar geral de pacientes com Parkinson. “Com a vantagem de não ter apresentado nenhum efeito colateral”, justificou um dos coordenadores da pesquisa, o professor José Alexandre Crippa, da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da USP.

Outro aspecto positivo apontado pelo pesquisador foi a ausência de flutuações nos sintomas psiquiátricos, como as variações de humor comuns em pacientes que utilizam medicamentos para controlar sintomas não-motores da doença, como depressão e ansiedade.

 

Histórias de sucesso

 

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Deputado estadual, Eduardo Splicy durante o Congresso Brasilerio da Cannabis Medicinal/ Imagem: Arquivo Sechat 

 

Aos 83 anos, o deputado estadual por São Paulo, Eduardo Suplicy, diagnosticado com Parkinson em setembro de 2023, é uma “história de sucesso” no tratamento com produtos à base de cannabis. Em entrevista ao Sechat durante o Congresso Brasileiro da Cannabis de 2024, Suplicy falou sobre o impacto positivo do tratamento em sua saúde. “Eu tinha dor na perna, mas ela foi sumindo. Tenho um tremor nas mãos, que pouco a pouco tem diminuído também", comenta Suplicy. 

“Ele tem apresentado ganhos na parte motora, no controle fino das mãos. Além disso, há melhoras na saúde mental e psiquiátrica, em termos de depressão, ansiedade, cognição e memória”, relata Francisney Nascimento, coordenador da pesquisa realizada pela Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila), que promete trazer avanços significativos no tratamento do Parkinson com derivados da cannabis, da qual Suplicy faz parte.

Hoje, além de paciente, o deputado estadual se tornou uma referência na pauta da cannabis. Durante a última reunião da Frente Parlamentar em Defesa da Cannabis Medicinal e do Cânhamo Industrial, ele e o deputado Caio França anunciaram a abertura de um edital que destinará R$1 milhão para financiar projetos relacionados à planta. 

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