Levantamento revela que cultivo de cannabis para fins medicinais representa 82% no Brasil

Ferramenta de análise de dados mapeou 39 plantações em território nacional

Publicada em 13/06/2024

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Por João Negromonte

De acordo com um levantamento realizado pela Kanna, iniciativa que mapeia a cadeia produtiva da cannabis no Brasil, 82% do cultivo da planta, em território nacional, é destinado ao uso medicinal. A empresa, que incentiva práticas agrícolas sustentáveis e regenerativas, utilizou uma ferramenta de armazenamento de dados para mapear os diversos tipos de cultivo, incluindo plantações com finalidades medicinais, de pesquisa e industrial.

 

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Luis Quintanilha, CEO da Kanna | Foto: Arquivo

“Nossa ferramenta mapeou um número expressivo de cultivos, destacando a crescente importância da cannabis medicinal no Brasil e reforçando que o ecossistema de produtores legais já é uma realidade no país. Além disso, a plataforma permite participar de um processo de certificação de governança, que utiliza a tecnologia blockchain para trazer confiança ao setor”, afirma Luís Quintanilha, CEO da Kanna.

“O objetivo é apoiar a regulação da cannabis no país”, afirma o empresário que explica que atualmente o processo de validação da empresa é feito de forma descentralizada, onde dezenas de pessoas participam e visam avaliar o nível de conformidade ESG (Environmental, Social and Governance).  

“Logo teremos um produto para o B2C que utiliza a mesma base da tecnologia. Ambos têm o intuito de registrar a cadeia produtiva da cannabis na blockchain, para ajudar na transparência de todo o processo”.  

O cenário do cultivo de cannabis no Brasil

 

A pesquisa identificou um total de 39 cultivos de cannabis, com uma concentração significativa no estado de São Paulo, que possui 11 plantações. Seguem-se os estados do Rio de Janeiro com cinco cultivos, Pernambuco com quatro e Santa Catarina com três, enquanto os demais 16 cultivos estão distribuídos por outros estados brasileiros.

Além dos 82% dedicados ao uso medicinal, a análise da Kanna revelou que 7,7% dos cultivos são voltados para a pesquisa científica, 5,1% têm foco industrial e 5,1% são destinados a pacientes com autorizações judiciais para o plantio.  

O papel das associações de pacientes

 

As associações de pacientes desempenham um papel crucial no avanço do cultivo de cannabis medicinal no Brasil. Elas não apenas oferecem suporte e orientação para pacientes que dependem dos produtos, mas também impulsionam a regulamentação e reconhecimento desta prática.

Pedro Sabaciauskis, fundador e presidente da associação Santa Cannabis, que possui autorização judicial para o cultivo de plantas para fins medicinais, explica:

 

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Pedro Sabaciauskis, presidente da Santa Cannabis | Foto: Arquivo

"Eu acredito que o cultivo em solo nacional é a solução e não tem mais como voltar atrás uma vez que o interesse nacional já despertou para essa possibilidade. Hoje as associações estão provando que tem como sim ter uma produção própria com qualidade e segurança necessários para destravar essa potência agrícola que é o Brasil, uma vez que temos terra, mão de obra capacitada e clima apropriados, basta o governo contribuir. Talvez a criação de um plano nacional de cannabis ajudaria a entender os caminhos corretos a seguir na construção de um ambiente seguro e regulado para todos os usos da planta."

Ainda segundo Sabaciauskis, hoje a associação, que fez parte do mapeamento da Kanna, conta com quase 6000 pacientes e cerca de 3000 pés da plantas cultivado, o que gera 420kg de biomassa seca para produção dos medicamentos.

O levantamento da Kanna não apenas destaca a predominância do uso medicinal da cannabis no Brasil, mas também reforça a necessidade de regulamentações mais claras e o papel essencial das associações de pacientes na promoção do acesso seguro e legal à cannabis medicinal.