Conselho Australiano do Cânhamo busca recursos para legalizar a produção de ração animal com cannabis

AHC busca arrecadar A$ 50.000 para financiar processos regulatórios que possam permitir a comercialização legal desses produtos a base da cannabis

Publicada em 21/08/2024

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Por Bruno Vargas

Líderes da indústria do cânhamo na Austrália lançaram uma campanha de arrecadação de fundos em resposta à crescente preocupação de que a burocracia possa destruir um setor antes promissor do mercado. A iniciativa visa legalizar o uso de cânhamo em produtos para animais de estimação, incluindo ração para gado.

O Conselho Australiano do Cânhamo (AHC) está buscando arrecadar A$ 50.000 para financiar processos regulatórios que possam permitir a comercialização legal desses produtos. A campanha, denominada Paws for Wellness, surge após repetidas tentativas fracassadas de negociação com a Autoridade Australiana de Pesticidas e Medicamentos Veterinários (APVMA). As discussões visavam aliviar as exigências financeiras e regulatórias impostas ao setor.

Em janeiro deste ano, a APVMA proibiu efetivamente a venda de produtos de cânhamo para animais de estimação, colocando em risco empregos e o futuro de várias pequenas empresas. De acordo com a AHC, os reguladores mantiveram uma posição inflexível, obrigando as empresas a arcar com os custos elevados de pesquisas e autorizações.

A classificação do cânhamo como um "produto químico veterinário", que exige registros e testes dispendiosos, foi considerada alarmante e ilógica pelo AHC. "A decisão da APVMA ignora a ciência estabelecida, tratando esses produtos de cânhamo de forma similar aos produtos de cannabis medicinal e CBD", afirmou a organização. "Os produtos derivados do cânhamo industrial contêm pouco ou nenhum CBD ou THC, mas são ricos em aminoácidos essenciais, fibras e ácidos graxos ômega 3 e 6."

Tim Schmidt, presidente da AHC, criticou duramente a regulamentação: “Esse excesso burocrático é prejudicial não apenas para as empresas que produzem cânhamo para animais de estimação, mas para toda a indústria do cânhamo. Milhões de dólares e milhares de horas de trabalho foram investidos, apenas para ver nossos esforços serem prejudicados por regulamentações inadequadas."

Os esforços para flexibilizar as regulamentações foram liderados pela Dra. Bronwyn Blake, presidente do Grupo de Forragem do AHC. Ela descreveu a postura da APVMA como “um exagero regulatório no seu pior”. Blake destacou que os produtos de cânhamo para animais de estimação são seguros e amplamente investigados no exterior. "Entendemos a necessidade de dados por parte da APVMA, mas o processo é oneroso financeiramente", afirmou.

Blake também criticou a dependência financeira da APVMA das taxas de permissão e inscrição para seu funcionamento, questionando a imparcialidade do órgão: “É responsabilidade do governo federal garantir que todos os departamentos tenham recursos adequados para servir à Austrália, e não a si mesmos.”

A AHC planeja seguir dois caminhos de aplicação: o primeiro envolve uma avaliação técnica pela APVMA das frações de cânhamo usadas para fins de subsistência; o segundo, a determinação dos ingredientes dessas frações. Os custos combinados desses processos devem ultrapassar A$ 50.000, segundo a AHC.

“Se você se importa com a saúde do seu animal de estimação, ou se está cansado de ver as indústrias australianas esmagadas por burocracia desnecessária, precisamos do seu apoio agora”, apelou Blake. “Esta não é apenas uma luta pelo cânhamo, mas contra o avanço da burocracia que coloca nossos agricultores e pequenas empresas em risco, negando aos nossos animais a nutrição que merecem.”

A APVMA, por sua vez, declarou anteriormente que produtos não registrados ou aprovados pelo órgão "podem não ser seguros para uso em animais... e podem ser perigosos."
 

Texto originalmente publicado em cannabiz

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