Veterinária com autismo e TDAH transforma sua vida após tratamento com cannabis medicinal

Paciente chegou a utilizar 11 medicamentos convencionais que causavam diversos sintomas negativos; hoje experimenta diferentes tratamentos com a cannabis

Publicada em 16/10/2024

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Por Bruno Vargas

Portadora de autismo grau dois e TDAH, Carolina Lomovtov recebeu, durante a infância e adolescência, diagnósticos errados, consultas com vários médicos e psicólogos, internações e o uso de diversos medicamentos ocasionais. Segundo ela, os alopáticos mais atrapalhavam e causavam efeitos colaterais do que auxiliavam no tratamento de suas condições.

Há cerca de três anos, uma médica veterinária, residente em São Paulo, iniciou o uso de medicamentos à base de cannabis, produto que mudou sua vida. Em seu tratamento, Carolina utiliza um óleo Full Spectrum e um produto feito com nanotecnologia, contendo canabidiol (CBD), canabinol (CBN) e melatonina. Agora, ela se prepara para incluir, em sua rotina, gomas contendo THC.

"Era comum eu passar mal por não conseguir comer ou por comer demais. Teve uma época em que, por conta dos picos de apetite, cheguei a pesar 149 quilos. Minha compulsão alimentar melhorou muito", comenta a veterinária.

Além de conseguir reduzir gradualmente o uso de ansiolíticos e antidepressivos alopáticos, ela iniciou a fase de desmame do Rivotril. Essa mudança foi definida após Carolina conseguir administrar melhor os sintomas. Diagnosticada com autismo aos 25 anos, a paciente conta que consegue gerenciar melhor sua ansiedade, seu Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) e perceber os sentimentos e desejos dos outros. “Eu organizei tudo por ordem de tamanho ou alfabética. Não ter as coisas do meu jeito me deixou mal, com raiva. Hoje estou mais tranquilo”.

 

Complicações antes da terapia canábica

 


Devido à dificuldade de obter o diagnóstico de autismo - principalmente entre mulheres -, Carolina foi apresentada com depressão maior e transtorno de ansiedade generalizado durante a juventude. O erro no diagnóstico, aliado à busca por resultados no tratamento, levou a usar 11 medicamentos diferentes aos 20 anos.

“Comecei com uma medicação para depressão, mas o medicamento causou ansiedade. Então, tomei mais um remédio, que, por sua vez, induzia o sono. O indutor do sono me deixou com fome... e, quase sem perceber, já estava tomando 11 medicamentos diferentes”, relata Carolina.

Além disso, pelo menos uma vez por ano, a paciente sofria com períodos de até uma semana sem dormir. Antes da cannabis, essas crises eram mais frequentes, e, para combater a insônia, eram necessários vários medicamentos que causavam graves efeitos colaterais. “40 miligramas de zolpidem, 46 gotas de Rivotril de 2 miligramas e meia... Só assim eu consigo dormir”, explica, mencionando os problemas de memória e função hepática que se desenvolveram por conta da combinação de medicamentos.

Hoje, adepto do uso de cannabis para fins medicinais, Lomovtov tem cerca de 90% de sua agenda como médica veterinária dedicada a tratamentos com a planta. Além disso, ministra cursos e realiza publicações informativas sobre cannabis nas redes sociais.