Intercâmbio canábico: Brasil e Uruguai unidos por inovação e mercado internacional
Empresas do setor estão buscando espaço em mercados vizinhos
Publicada em 23/12/2024
A recente decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), permitindo o cultivo de Cannabis para fins medicinais e farmacêuticos despertou o interesse de diversos players do mercado canábico. Segundo o relatório "Cânhamo: a Commodity do Futuro", o cânhamo pode transformar indústrias, gerar empregos e ajudar o Brasil a se tornar referência no mercado internacional.
Embora a autorização sanitária para o cultivo e a comercialização de cânhamo industrial por pessoas jurídicas ainda esteja em tramitação, novas empresas do setor estão buscando espaço em mercados vizinhos, como o Uruguai.
Expansão de mercados internacionais
O Último Plano, fundado em 2020, é um exemplo desse intercâmbio. A empresa produz no Uruguai e lidera iniciativas de pesquisa no Brasil. Segundo o cofundador Heitor Bittencourt, estudante de agronomia da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), a expectativa é abrir mercados e iniciar exportações de produtos para Brasil e Suíça a partir de 2025.
A empresa também está em trâmite com a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para aprovar quatro produtos com cannabis. Além disso, há projeções de exportar inflorescências processadas (in natura) e óleos para o país europeu.
Bittencourt explica que o foco da empresa não é abastecer o mercado interno do Uruguai, mas sim explorar oportunidades internacionais. "Estamos de olho nos países onde o mercado já está mais avançado. O Uruguai tem uma demanda pequena. Enquanto empresa, nosso foco está em mercados maiores", afirma o empreendedor.
Enquanto isso, o Último Plano aguarda ansiosamente pela possibilidade de cultivar seus produtos no Brasil. “Todas as atenções da América Latina estão voltadas para o Brasil”, comenta Heitor, explicando que o país tem vantagens competitivas, como clima favorável, grandes áreas agrícolas, posicionamento geográfico e uma vasta diversidade de latitudes.
Inovações no agronegócio e pesquisa
Além da produção, o Último Plano se dedica à pesquisa, trabalhando em parceria com instituições acadêmicas brasileiras. A empresa colabora com a UFSM em um projeto de mestrado liderado por Fabielle Weber, que investiga o uso de óleos de CBD no tratamento de sementes agrícolas, explorando as propriedades fitossanitárias da cannabis.
Outras universidades, como a Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro e a Universidade Estadual Paulista, também estão envolvidas em pesquisas em parceria com o grupo. O foco é principalmente no campo do agronegócio, conforme destaca Heitor: “Estamos buscando entender como a planta se desenvolve, qual seu perfil ecofisiológico, qual manejo agronômico proporciona o melhor perfil medicinal ou alimentar, questões ainda sem respostas científicas claras”.