Inovação: estudo brasileiro transforma 14 sementes de cannabis em 4 mil mudas
UFV e Buds INC desenvolvem método inédito de produção em larga escala com potencial para revolucionar o mercado global
Publicada em 14/11/2024
Uma parceria entre a Universidade Federal de Viçosa (UFV) e a startup Buds INC culminou em um avanço significativo para o setor de cannabis medicinal e industrial. Um estudo iniciado em fevereiro de 2024 conseguiu, a partir de apenas 14 sementes, produzir mais de 4 mil mudas de cânhamo, espécie de cannabis com baixo teor de Tetrahidrocanabinol (THC), em menos de quatro meses. Esse feito é fruto de uma técnica inovadora que promete atender à crescente demanda por mudas de alta qualidade.
O método, desenvolvido e patenteado com financiamento da Buds INC, Embrapii e Sebrae, já desperta interesse internacional. Países como China, Estados Unidos, Canadá e membros da União Europeia, incluindo a Holanda, podem adotar essa tecnologia antes mesmo de sua aplicação no Brasil, onde o plantio de cannabis ainda aguarda regulamentação para usos medicinais e industriais.
Metodologia de alta produtividade
O estudo utilizou técnicas de miniestaquia, já consagradas em outras culturas, como as florestais, e as adaptou para a produção de cannabis. Segundo Gustavo Baesso, engenheiro florestal e sócio-diretor da Buds INC, essa abordagem traz benefícios significativos:
“Uma das grandes diferenças do método desenvolvido é a capacidade produtiva por área. Onde o método tradicional tem 1 planta, nós temos mais de 50 matrizes, cada uma produzindo a mesma quantidade de brotos de uma matriz grande, o que amplia muito a capacidade produtiva, permitindo a produção em larga escala de mudas de qualidade.”
Além disso, a técnica proporciona maior controle sobre a qualidade e a uniformidade das plantas, características essenciais para atender às rigorosas exigências do mercado global, explica Baesso.
Impacto econômico e sustentável
O cânhamo cultivado apresenta diversas aplicações industriais, incluindo a produção de tecidos, celulose, biochar e hempcrete, um biocomposto amplamente utilizado em construções sustentáveis. Esse avanço reforça o potencial do Brasil para se tornar um player global na pesquisa e tecnologia de cultivo de cannabis.
Baesso ressalta a importância estratégica da inovação:
“A miniestaquia da cannabis tem o potencial de colocar o Brasil na vanguarda da tecnologia de mudas de cannabis. Com esse conhecimento aplicado, podemos desenvolver uma produção sustentável e eficiente, fortalecendo o país no mercado global de pesquisa e tecnologia de cultivo de cannabis.”
Futuro Promissor
Embora a tecnologia ainda dependa de regulamentação para aplicação no Brasil, o pedido de patente reflete o pioneirismo da pesquisa e sua capacidade de gerar impacto global. A técnica não apenas promete transformar o setor agrícola, mas também abrir caminho para novas oportunidades econômicas e científicas, consolidando o Brasil como referência na inovação do mercado de cannabis.