Ex-canoísta profissional supera bruxismo e dores crônicas com tratamento canábico

Robinson Salaberry Ferreira desenvolveu problemas nas articulações do cotovelo e ombros devido aos treinos de alto rendimento; a cannabis foi a única terapia capaz de auxiliar o ex-atleta

Publicada em 21/11/2024

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Por Bruno Vargas

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Robinson salaberry Ferreira. Imagem: Arquivo Pessoal

O ex-canoísta profissional Robinson Salaberry Ferreira, de 39 anos, que competiu pelas seleções gaúchas e brasileiras, desenvolveu problemas nas articulações do cotovelo e ombros, além de uma hérnia de disco, devido à intensidade dos treinos de alto rendimento. “Vivenciei o treinamento de alto nível, com muito cansaço e esforço corporal, sempre buscando o meu limite”, relata.

Residente de Imbituba, Santa Catarina, Robinson tentou usar medicamentos convencionais, mas não se adaptou. "Nunca fui muito a favor de tomar remédios, os efeitos colaterais não valeram a pena. Com eles, cheguei a disputei mais um Pan-Americano, mas acabei de deixar a canoagem", relembra.

 

Início do tratamento canábico

 

Após se afastar do esporte de alto rendimento, Robinson passou a trabalhar com projetos sociais de canoagem e notou uma estabilização em suas dores. Durante 12 anos, ele conseguiu controlar o desconforto sem medicamentos. Em 2023, após desenvolver bruxismo, um transtorno que se caracteriza pelo apertar ou ranger dos dentes, de forma involuntária e repetitiva, principalmente durante o sono, o ex-canoísta iniciou o uso da cannabis.

Com o tratamento à base de cannabis, Robinson conseguiu controlar o bruxismo, parou de ranger os dentes e melhorou suas noites de sono. Além disso, suas dores diminuíram significativamente. "As dores no cotovelo são as piores, mas não me incomodam tanto quanto antes. Agora consigo surfar de novo, fico duas horas no mar sem problema algum", conta.


Cultivo legal e apoio à pauta

 

Cerca de quatro meses após iniciar o tratamento com óleo de cannabis, Robinson deu entrada no processo para obter um Habeas Corpus preventivo para o cultivo de cannabis. “Em seis dias consegui a liberação, e dois meses depois saiu o HC definitivo. "Foi um momento de muita alegria”, recorda.

Antes disso, o ex-atleta importava o medicamento, mas os altos custos o incentivaram a optar pelo autocultivo. Hoje, Robinson é proprietário de um estúdio de pilates e fala abertamente sobre seu tratamento com cannabis. "Sempre fui transparente. Planto minha própria cannabis, produzo o óleo e também fumo", afirma.

Segundo ele, a convivência com pessoas idosas, muitas com mais de 60 anos, despertou o interesse em iniciar uma associação de cannabis medicinal, afim de auxiliar pessoas que precisavam da planta para melhorar sua qualidade de vida.

Agora, Robinson faz parte da Associação de Pesquisa e Ciência Canábica Odamata, que acolhe pacientes e está finalizando uma documentação para solicitar uma autorização judicial para o cultivo social de cannabis.