Células-tronco e psicodélicos no combate aos transtornos mentais

Acelerando descobertas terapêuticas e transformando tratamentos

Publicada em 11/07/2024

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Por João Negromonte

Nos últimos anos, a ciência tem voltado sua atenção para o potencial terapêutico dos psicodélicos no tratamento de transtornos mentais como depressão, ansiedade e dependência química. Apesar dos avanços, muitos aspectos do funcionamento desses compostos no cérebro humano ainda não são completamente compreendidos. Nesse cenário, as células-tronco emergem como uma ferramenta revolucionária que pode aprofundar e acelerar essas pesquisas.

Os psicodélicos, como sugere um recente estudo, têm mostrado efeitos promissores na modulação da percepção, do humor e da cognição. Eles atuam principalmente sobre os receptores de serotonina 5-HT2A no cérebro, promovendo a plasticidade neural, que é a capacidade do cérebro de formar novas conexões e se adaptar a novas situações. No entanto, a maioria das pesquisas realizadas até agora utilizou modelos animais ou linhagens celulares que não replicam com precisão a complexidade do cérebro humano.

As células-tronco, especialmente as células-tronco humanas de pluripotência induzida (hiPSCs), representam uma alternativa promissora para superar essas limitações. As hiPSCs são obtidas reprogramando células adultas, como as da pele, para um estado semelhante ao embrionário, permitindo que elas se diferenciem em qualquer tipo de célula do corpo. Isso possibilita a criação de modelos celulares que replicam fielmente a biologia humana, oferecendo uma plataforma mais precisa para estudar os efeitos dos psicodélicos.

O uso de hiPSCs, ressalta o estudo, pode revolucionar as pesquisas com psicodélicos, permitindo a criação de organoides cerebrais – pequenas estruturas tridimensionais que mimetizam o desenvolvimento e a organização do cérebro humano. Esses organoides podem ser utilizados para observar, em tempo real, como os psicodélicos afetam a formação de sinapses e a comunicação entre neurônios, fornecendo insights valiosos sobre seus mecanismos de ação e potencial terapêutico.

Apesar do potencial, a aplicação de células-tronco em pesquisas com psicodélicos ainda enfrenta desafios significativos. O cultivo dessas células é caro e tecnicamente complexo, exigindo protocolos rigorosos e habilidades especializadas para garantir resultados confiáveis. No entanto, o desenvolvimento contínuo de novas técnicas e a redução dos custos de produção podem tornar o uso de hiPSCs cada vez mais viável e acessível.

À medida que a ciência avança, a combinação de psicodélicos e células-tronco pode abrir novas fronteiras na terapia de transtornos mentais, oferecendo esperança para milhões de pessoas ao redor do mundo.

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