Cannabis vira luta de mãe atípica após transformar a qualidade de vida da sua família

Representante comercial, Aline diz que ainda existem poucos médicos prescritores de cannabis no Brasil

Publicada em 19/07/2024

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Por Bruno Vargas

Aline Menezes, paciente canábica desde 2016, conta que já ultrapassou diversas etapas em seu tratamento com a planta. “Comecei no cultivo, testei vários tipos de óleo e, após muitas tentativas, encontrei meu tratamento ideal”, relata. 

Portadora de fibromialgia e dislexia, Aline não é a única em sua família a usar produtos à base da cannabis. Seu marido, diagnosticado com Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), e seus dois filhos, ambos com Transtorno do Espectro Autista (TEA), também utilizam produtos à base da planta.

“Todos temos resultados incríveis com essa terapia. Uso para conter a dor e consigo fazer academia normalmente. O medicamento também me auxilia na hora de dormir, no cuidado com a minha pele, na minha disposição, hoje sou uma pessoa 100% funcional. Brinco que sou uma paciente ‘completa’ de cannabis”, afirma Menezes.  

 

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Aline Menezes durante o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal/ Reprodução: Instagram

 

Há cerca de um ano, Aline tornou-se representante comercial de empresas canábicas e, recentemente, assumiu o cargo de diretora de comunicação em uma associação associação que capacita mulheres interessadas em trabalhar no setor canábico. “Antes, devido a dislexia, eu tinha dificuldade em me comunicar com outras pessoas, hoje sou diretora de comunicação. É uma mudança enorme”, completa.

 

Mães atípicas unidas

 

Mãe de dois meninos com TEA, Aline luta pela inclusão das mulheres no mercado canábico. “A indústria da cannabis deve muito às mulheres”, explica Aline, parte de uma equipe de vendas composta exclusivamente por mulheres.

“Anos atrás, quem ‘botou a cara’ foi uma mãe atípica. Quem começou a plantar para seu filho foi uma mulher. Esse lobby precisa ser ofertado para mãe e cuidadoras. É um lugar nosso.”completa.

 

Trabalho junto aos médicos

 

Como representante comercial, Aline realiza palestras e conversa com médicos de todo o Rio de Janeiro e do Brasil. Segundo ela, existe uma grande parcela de profissionais que não prescrevem produtos à base da cannabis. “Até prescrevem, mas não sabem manejar, não entendem nada da medicina canabinoide. Precisamos capacitar esses médicos”, comenta Aline.

Para a representante, a melhor maneira de “crescer o mercado”, é por meio do acesso à informação de qualidade, da capacitação dos médicos e da educação continuada, mantendo um contato com o profissional a longo prazo.  

Considerando sua experiência em consultas médicas, Aline faz críticas aos atendimentos que não ultrapassam os 20 minutos.. No ponto de vista dela, são consultas rápidas e que inviabilizam uma análise mais aprofundado, algo essencial para a eficácia do tratamento da medicina endocanabinoide. “Como os médicos vão analisar e avaliar o paciente neste tempo? Ainda mais em uma medicina ampla como a cannabis?”, finaliza Menezes.