Pesquisadores da ELAM exploram potencial da cannabis medicinal em Cuba

Evento internacional reforça abertura do país para o uso médico da planta, apesar de rígidas restrições legais

Publicada em 22/11/2024

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Por João Negromonte

No mês de novembro, Cuba sediou o I Congresso Internacional de Graduados da Escola Latino-Americana de Medicina (ELAM) e a II Assembleia da Sociedade Médica Internacional (SMI). Com o tema “Guardiões da Vida, Criadores de um Mundo Melhor”, o evento comemorou os 25 anos da ELAM, reunindo mais de 150 delegados em uma série de atividades acadêmicas, incluindo cursos, salões científicos e debates.

Entre os destaques do evento, esteve a apresentação de estudos sobre o potencial da cannabis medicinal por pesquisadores do Instituto Anandamida, representados pelos médicos brasileiros Pedro Mello, Victor Vilhena, Carlos Zimmer, Adriano Carneiro, Fernando Cerqueira e Alexandre Sales. Durante o congresso, o grupo ministrou o curso pré-congresso intitulado “Uso da cannabis e dos psicodélicos na medicina moderna”, além de apresentar dois trabalhos científicos: “Cannabis Medicinal – guia de prescrição” e “Cannabis Medicinal: aplicações terapêuticas na prática clínica”.

 

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Carlos Zimmer Jr. | Foto: Arquivo

"Acreditamos que o intercâmbio de conhecimento é crucial para países com legislações mais restritivas, como Cuba, especialmente para promover a descriminalização e a legalização com base científica. A experiência foi produtiva, resultando em novos contatos e no convite para futuras colaborações acadêmicas, reforçando o sonho de incluir o sistema endocanabinoide na formação médica latino-americana", destacou Carlos Zimmer Jr., médico de família com amplo conhecimento sobre a terapia canabinoide que atua na Secretaria de Saúde de Brasília (SES/DF). 

Embora Cuba mantenha uma postura rígida em relação ao uso da cannabis, o país demonstrou abertura para discutir sua aplicação no campo medicinal e industrial. Segundo os especialistas, o conhecimento sobre terapias à base de cannabis na ilha ainda está em estágio inicial. No entanto, o interesse demonstrado por profissionais locais e a receptividade do público sinalizam uma possível transformação no modo como a planta é vista.

Com ênfase em experiências práticas e evidências científicas acumuladas ao longo de quase uma década de atuação, os pesquisadores destacaram os benefícios da cannabis no tratamento de doenças como epilepsia refratária, esclerose múltipla e dores crônicas. As apresentações marcaram um passo significativo na introdução de terapias modernas em um contexto onde os recursos terapêuticos são tradicionalmente limitados.

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