Pesquisadores revisam duas décadas de dados e alertam para riscos do uso contínuo de maconha

Estudo indica possíveis aumentos nas chances de câncer, mas reconhece limitações na pesquisa realizada

Publicada em 09/10/2024

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Por João Negromonte

Um estudo recente conduzido pela Universidade do Sul da Califórnia (USC), nos Estados Unidos, trouxe novas preocupações sobre o uso frequente de maconha, especialmente quando fumada. Após analisarem dados de saúde de um período de 20 anos, os pesquisadores sugeriram que o consumo regular e intenso da substância pode aumentar significativamente o risco de câncer de cabeça e pescoço. O estudo, publicado publicado em uma importante revista científica, mostrou que usuários frequentes de maconha apresentaram de 3,5 a 5 vezes mais chances de desenvolver esses tipos de câncer, em comparação com aqueles que não usam a substância.

 

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ONU registrou 228 milhões de usuários de maconha no mundo, maior número já registrado | Imagem: Vecteezy

 

Os cânceres de cabeça e pescoço englobam tumores que afetam áreas como as cavidades oral e nasal, a faringe, a laringe, glândulas salivares e a tireoide. Tradicionalmente, esses cânceres são fortemente associados ao tabagismo e ao consumo excessivo de álcool, mas o estudo da USC destacou que o uso frequente de maconha, principalmente por inalação, pode ter efeitos tão prejudiciais quanto o tabaco.

Detalhes da pesquisa

 

A equipe de cientistas da USC analisou os prontuários médicos de 116 mil pessoas, comparando indivíduos que usavam maconha com não usuários de perfis de saúde semelhantes. Com isso, eles observaram uma correlação preocupante entre o uso constante da substância e o desenvolvimento de cânceres. Segundo o estudo, a queima da cannabis ocorre em temperaturas mais altas que a do tabaco, o que pode potencializar danos inflamatórios no sistema respiratório.

Apesar das evidências sugerirem uma relação entre o uso de maconha e o risco de câncer, os próprios autores da pesquisa reconhecem limitações importantes em suas conclusões. Eles apontaram a falta de informações detalhadas sobre a dosagem exata, a frequência e o modo de uso da maconha por parte dos participantes como uma das principais dificuldades para estabelecer um vínculo mais sólido e definitivo entre a substância e o desenvolvimento de tumores.