A cannabis pode interferir no ciclo menstrual ou no anticoncepcional?

Descubra se um possível atraso na menstruação pode acontecer em decorrência do consumo da planta

Publicada em 25/07/2024

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Por Gabriela Fernandes

Tratar os sintomas da menstruação com cannabis é uma possibilidade conhecida há centenas de anos na Índia e na China, antes da criminalização da planta nesses países. Suas propriedades analgésicas e anti-inflamatórias podem proporcionar ao paciente alívio das dores características desse período, como as cólicas, e atuar na regulação do sistema endocanabinoide no caso de o paciente apresentar afecções do ciclo menstrual.

Assim também pode ser tratada a acne, que pode ser um sintoma de afecção do ciclo menstrual. Um estudo sugere que dermocosméticos que contêm cannabis em sua formulação são eficazes no tratamento da acne, devido à presença de receptores endocanabinoides nas glândulas sebáceas, que contribuem para a homeostase da pele.

 

É possível que o consumo de cannabis interfira no ciclo menstrual? 


 

Mariana Prado
Dra. Mariana Prado no Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal 2024 | Imagem: arquivo Sechat

A resposta é sim. Em entrevista ao Sechat, a ginecologista Dra. Mariana Prado explicou que “quando a planta é usada sem critérios, sem sintomas a tratar, sugere-se que possa atrapalhar as questões hormonais, menstruais e ovulatórias (distúrbios da fertilidade).”

Por esses motivos, é importante relatar em consulta com o médico ginecologista o consumo de cannabis, caso o paciente o faça, para uma análise completa. Até mesmo para a escolha do anticoncepcional, o assunto deve ser abordado. Conforme elucida a Dra. Mariana, “O CBD pode interagir com o estrogênio do contraceptivo, diminuindo a sua eficácia, reduzindo o tempo de eliminação da cannabis do corpo e causando sonolência. Pensando em redução de danos, priorizamos os contraceptivos não hormonais ou apenas de progesterona. No mais, ressalto que faltam dados concretos na literatura para afirmar se existe interação com anticoncepcionais e o uso da cannabis.”