A indústria farmacêutica precisa de uma revolução e a cannabis já saiu na frente

Você já ouviu falar na Creator Economy?

Publicado em 17/11/2024
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A creator economy é uma nova economia facilitada por plataformas digitais que permitem que indivíduos monetizem conteúdos criados e oferecidos diretamente a suas audiências, sem depender de intermediários. Essa tendência está começando a impactar também a indústria farmacêutica, com médicos construindo seus próprios canais digitais para conscientizar os pacientes sobre medicamentos e tratamentos.

No setor da cannabis, esse fenômeno já é uma realidade. Devido à dificuldade de divulgar as diversas formas de utilização da cannabis e à crescente demanda de pacientes por médicos especializados, muitos profissionais têm encontrado nas redes sociais uma maneira eficaz de compartilhar sua prática de medicina canabinoide e combater a desinformação sobre o tema.

E eles estão certos. Segundo o relatório Digital Transformation Report 2024 da Atlântico, os brasileiros passam, em média, 3,6 horas por dia nas redes sociais; 41% seguem influenciadores e 77% usam as mídias sociais para pesquisa. Não é surpresa que a creator economy esteja revolucionando diversos mercados, e o setor farmacêutico não será uma exceção.

O processo de divulgação de novos protocolos de tratamento e moléculas na indústria farmacêutica passou por poucas inovações nos últimos anos. Tradicionalmente, essa indústria controla como as informações são divulgadas, determinando os melhores materiais e formatos e se utilizando de canais como congressos ou time de representantes. Com a creator economy, agora surge um novo formato de geração e distribuição de informação: os próprios médicos.

É o que já acontece no mercado da cannabis: os médicos têm educado pacientes e colegas ao compartilhar experiências e casos reais, monetizando esse conteúdo por meio de palestras, e-books, workshops e mentorias.Quando bem aproveitada, a creator economy pode trazer enormes benefícios, mas exige que toda a indústria se adapte.

Nesse novo cenário, os pacientes ganham maior autonomia na escolha de seus tratamentos. Mas, é essencial que, além de aprender, eles consigam expressar claramente seu entendimento e suas preferências sobre os caminhos que desejam seguir para sua saúde. 

Os profissionais de saúde, por sua vez, devem criar um ambiente seguro e acolhedor que incentive essa interação, permitindo que os pacientes se sintam confortáveis para trazer suas dúvidas e discutir as informações que encontraram, sem temer julgamentos. Dessa forma, as consultas podem se transformar em oportunidades para explorar perspectivas, construir confiança e capacitar os pacientes a desempenharem um papel ativo na tomada de decisões sobre sua saúde.

Já a indústria precisa fornecer as ferramentas necessárias e empoderar os médicos para que eles possam assumir o papel de criadores de conteúdo e, assim, aproximem-se dos pacientes. A discussão de casos reais e a avaliação de resultados deixar de ser pautas exclusivas de congressos e universidades, tornando-se mais comuns e diretas na internet. O que antes era controlado por equipes de marketing e representantes de empresas agora estará mais exposto à rápida e viral propagação de informações online.
Para sobreviver nesse novo cenário e se manter como fonte primária de informação a respeito dos seus produtos, a indústria terá que desenvolver a capacidade de antecipar e/ou reagir rapidamente.

Esse não é um caminho fácil, mas já não é uma opção. A indústria da cannabis está aqui para mostrar não apenas como a medicina tradicional precisa evoluir em termos de fármacos e personalização, mas também como deve se apresentar no mercado, redefinindo o papel dos médicos como influenciadores e educadores e transformando a prática médica, colocando o poder de escolha nas mãos dos pacientes.