A revolução dos cogumelos mágicos no tratamento do alcoolismo

Psilocibina e psicoterapia mostram promessa significativa na redução do consumo excessivo de álcool

Publicada em 14/06/2024

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Por João Negromonte

O consumo de álcool é uma prática profundamente enraizada na sociedade, mas para muitos, essa relação pode se tornar problemática, levando ao alcoolismo. O álcool, composto por etanol, é uma substância psicoativa que afeta o cérebro de maneiras variadas, dependendo da quantidade consumida. A dependência resulta quando o desejo pela droga supera seus efeitos recreativos, levando a um ciclo compulsivo de consumo.

No entanto, um estudo clínico realizado na Universidade de Nova York trouxe à tona a psilocibina, encontrada nos famosos "cogumelos mágicos", como uma nova esperança para aqueles que lutam contra o alcoolismo. A pesquisa envolveu 95 pessoas diagnosticadas com Transtorno por Uso de Álcool, submetidas a uma combinação de psilocibina e psicoterapia. Metade dos participantes recebeu psilocibina, enquanto a outra metade recebeu um placebo ativo, difenidramina.

Durante um período de 36 semanas, os participantes foram submetidos a duas sessões de oito horas de psilocibina ou placebo, juntamente com 12 sessões de psicoterapia. Os resultados foram surpreendentes. Aqueles que receberam psilocibina mostraram uma redução significativa no número de dias de consumo excessivo de álcool, com apenas 9,7% dos dias após a primeira sessão de drogas, em comparação com 23,6% no grupo do placebo.

Essas descobertas indicam que a psilocibina, quando combinada com psicoterapia, pode oferecer uma solução eficaz para reduzir os padrões de consumo problemáticos de álcool. Os pesquisadores destacaram que esses resultados não são apenas promissores para o tratamento do alcoolismo, mas também sugerem possíveis aplicações no tratamento de outras condições de saúde mental.

Embora mais pesquisas sejam necessárias para entender completamente como a psilocibina atua no cérebro para produzir esses efeitos terapêuticos, os resultados deste estudo oferecem uma nova perspectiva sobre o uso de substâncias psicodélicas no campo da saúde mental.  

“Este avanço é particularmente significativo dado o desafio persistente que o alcoolismo representa tanto para indivíduos quanto para a sociedade como um todo”, conclui os autores do estudo. 
 

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